A cientista tinha uma suspeita: talvez o Culex fosse capaz de acomodar o vírus em seu organismo, tal qual o Aedes aegypti, seu vetor tradicional. E, talvez, fosse capaz também de transmiti-lo. “Assumir que o vetor principal da zika é o Aedes aegypti, em áreas em que outras espécies de mosquito coexistem, é ingenuidade”, escreveu Constância no começo de fevereiro, em um artigo publicado na revista The Lancet Infectious Deseases, uma das principais do gênero em todo o mundo.
“Esse erro pode ser catastrófico se outras espécies de mosquito tiverem também papel importante na transmissão do vírus da zika”.
Na tarde de quarta-feira (2), Constância anunciou os resultados preliminares de sua pesquisa. Descobriu que o vírus consegue sobreviver no estômago dos mosquitos e, de lá, migrar para as glândulas salivares dos bichos. Essa movimentação do vírus é importante – uma vez nas glândulas salivares, o parasita pode ser transmitido para outros animais e pessoas, por meio da picada da fêmea do mosquito.
Esse conhecimento é valioso. O que ele muda?
Ainda não dá para saber. A pesquisa de Constância ainda não conseguiu determinar se o Culex transmite zika quando solto na natureza. Por ora, sabe-se apenas que o vírus sobrevive no organismo do mosquito, o que torna o inseto um vetor em potencial.Se a possibilidade de transmissão for confirmada, teremos mais um enorme motivo de preocupação. A população de Culex é muito maior que a de Aedes aegypti. Estima-se que, em zonas urbanas, haja 20 vezes mais Culex do que Aedes.
O Culex também é menos exigente: o Aedes aegypti prefere água limpa, com um pouco de material orgânico para se reproduzir. O Culex põe ovos em água suja, de esgoto, fácil de encontrar em grandes cidades.
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